O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ
Por Anna Regina Jordão
O Salmo 23 (22) é o salmo mais conhecido de todos os cristãos, um salmo que nos fala da confiança irrestrita em Deus; em um primeiro momento o salmista nos apresenta a imagem de Deus como um pastor que cuida de suas ovelhas, leva-as a repousar em verdes pastagens, as conduz para águas refrescantes, restaura suas forças e guia por bons caminhos, não por mérito das ovelhas, mas sim por causa do amor intenso e do carinho que o pastor sente por elas. O apóstolo João certamente conhecia este salmo e aplicou esta imagem à pessoa de Jesus, chamando-O de O Bom Pastor, aquele que conhece suas ovelhas, chama-as pelo nome, cuida delas, defende-as dos inimigos e dá sentido de eternidade às suas vidas. Jesus é O bom Pastor e nós somos suas ovelhas; O Bom Pastor conhece nossas lutas e nossos sofrimentos, nossas angústias e nossos temores; só ele pode restaurar as nossas forças, tratar nossas feridas, retirar de nossas almas aquilo que não nos faz bem e nos dar a “vida em abundância” (Jo 10, 10).
Continua o salmista reforçando sua confiança na ação de Deus quando afirma “ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estás comigo, vosso bastão e vosso cajado são meu amparo.” (Sl 23, 4). Conta-se que no tempo do pastoreio, quando foi escrito este salmo, as ovelhas à noite sentiam-se totalmente desorientadas e perdidas; os pastores, então, caminhavam à sua frente para mostrar-lhes o caminho de volta ao curral e com o toque do bastão e do cajado, impediam que elas se desviassem do caminho. Como ovelhas do rebanho de Jesus, também nós, enfrentamos noites escuras no decorrer de nossas vidas, seja por uma doença na família, seja por uma carta de demissão inesperada, seja por uma traição, um assalto ou qualquer infortúnio; a forma de reagirmos à essas situações dependerá da proximidade, ou afastamento, que temos com o Bom Pastor, aquele que nos assegura que está junto e que cuida de nós. Tudo passa, só Deus não passa.
Num segundo momento o salmista nos traz à lembrança que a hospitalidade era coisa sagrada para os israelitas e a criação das “cidades-refúgio” (Nm 35, 6) deviam proteger pessoas perseguidas que ainda não tinham sido julgadas por seus delitos ou faltas, quando afirma: “Preparais para mim a mesa à vista de meus inimigos” (Sl 23, 5) quem prepara? O pastor, pois o salmista continua a falar dele; preparar a mesa significava dar acolhida, abrir as portas de sua casa e livrá-lo da perseguição; comer junto era sinal de comunhão, assim a pessoa tornava-se, inteiramente protegida, pois, além da acolhida, o pastor ungiu-a com óleo e festejou sua estada ali com o brinde da taça que transborda. À vista disto os inimigos sentiram-se derrotados e afastaram-se; a pessoa assim agraciada foi invadida pela bondade e misericórdia do pastor e tomou sua decisão: “habitarei na casa do Senhor por longos dias” (Sl 23, 6). Que grande ensinamento! Que perfeita oração!
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